Há anos a Skafandros Orkestra vem promovendo o diálogo entre os ritmos afro-brasileiros e o ska, duas tradições musicais cujas origens remetem à cultura africana. São manifestações artísticas que nascem do solo comum dos sentimentos gerados por séculos de exploração extrema da vida, mas que ao serem expressados musicalmente ensinaram o mundo que o balanço, o swing e a alegria são formas essenciais de resistência à opressão. Nas palavras de Winton Marsalis sobre o jazz: “é uma forma de arte que nos dá uma maneira indolor de nos compreendermos" [1].
Cada nota, cada acorde, cada batuque emitido pela Skafandros carrega em si toda essa trajetória, toda essa tensão existente entre o balanço e a resistência e, assim, é um ato político.
Mas há momentos em que as notas não bastam…
De tempos em tempos, por razões que se repetem, as pessoas são obrigadas a se posicionar mais diretamente a favor de forças progressistas ou conservadoras. É claro que nenhum destes lados é monocromático, e muitas vezes aquilo que parecia revolucionário se torna mais do mesmo, assim como o conservadorismo só pode se sustentar travestindo-se de progresso. Mesmo assim, as pessoas ainda têm de se posicionar, pois, principalmente nestes tempos, não se posicionar é tomar posição.
A Skafandros tomou seu posicionamento. Nos declaramos veementemente contra o candidato à presidência da República Jair Bolsonaro, que representa um retrocesso social. Um homem que é um vazio intelectual e político, cujas propostas se resumem ao ataque violento aos direitos humanos e à liberdade, e só afundariam ainda mais o país na grave crise estrutural, econômica, política e moral que estamos vivendo.
Declarar-se contra Bolsonaro e suas ideias anti-democráticas e autoritárias é, neste momento conjuntural, posicionar-se a favor da candidatura de Fernando Haddad à presidência.
É deste lado que estamos. Convocamos todos para se posicionarem ao nosso lado. E continuemos aprendendo com a tradição musical africana e todos os seus desdobramentos. Diferentes formas de resistência.
For a long time Skafandros Orkestra have been proposing an intersection between afro-brazilian rhythms and ska, two musical traditions whose origins lie within african culture. Such artistic manifestations share the same root, feelings brought by centuries of extreme exploitation, that when expressed musically have shown the world that ‘balanço’, swing and joy are essential forms of resistance to oppression. About jazz, in the words of Wynton Marsalis: “It’s an art form that can give us a painless way of understanding ourselves.
Each note, each chord, each beat that we play carries within itself this story, the tension between swinging and resisting, thus, being itself a political act.
But there are moments when notes are not enough…
From time to time, for repeated reasons, people are forced to choose between progressive and conservative forces. None of the sides are monochromatic, and many times what seemed revolutionary becomes ordinary, as conservatism may only survive by dressing itself as progress. Even so, people have to choose a side, because, in such times, not choosing a side is to support a side.
And Skafandros Orkestra have chosen a side. We wish to a make a clear statement against presidential candidate Jair Bolsonaro, which represents grave social regress. A man that is an intellectual and a political void, whose propositions employ violent agressions against human rights and liberty, and would only drag our country even further into this structural, economic, political, and moral crisis that we are enduring. To declare ourselves against Bolsonaro and his anti-democratic and authoritarian ideas is, in the actual moment, to be in favor of presidential candidate Fernando Haddad.
In this side, we stand. And we invite everyone to stand by our side. So we may keep learning from african musical traditions and all of its developments. Different forms of resistance.
[1] FONTE: https://www.youtube.com/watch?v=36vkuhKSV-E
FOTO: Fábio Motta. Retirada de: http://www.resumofotografico.com/…/fabio-motta-vence-o-prem…
